Hoje ao ligar o rádio, estava tocando uma música de Chico Buarque (eu particularmente não gosto do cantor) e ouvindo bem a letra da música que dizia: “joga pedra na Geni... Ela dá pra qualquer um... maldita Geni...”
Aí pensei... e se no lugar de Geni fosse Valdemir? e se no lugar de Chico Buarque fosse Ana Carolina? Como ficaria a história?
Falar sobre o preconceito e a discriminação contra nós mulheres não é difícil, difícil mesmo é entender por que o homem pode e a mulher não. E aí tem toda uma história, que vem desde a formação da família, de certo muitas pessoas não sabem, mas um dia já houve uma sociedade onde o matriarcado detinha o poder.
Mas o que é poder? Para Julieta Kirkwood:“...o poder não é, o poder exerce. E se exerce em atos, em linguagem. Não é uma essência. Ninguém pode tomar o poder e guardá-lo em uma caixa forte. Conservar o poder não é mantê-lo escondido, nem preservá-lo de elementos estranhos, é exercê-lo continuamente, é transformá-lo em atos repetidos ou simultâneos de fazer, e de fazer com que os outros façam ou pensem. Tomar-se o poder é tomar-se a idéia e o ato”.
O poder está em todas as esferas da sociedade, dentro da família, na igreja, no ambiente de trabalho, no Palácio do Planalto. As relações de poder se dão por que de um lado está o dominador e do outro o dominado, trazendo para nossa realidade: de um lado está o homem, do outro a mulher. E aí fica claro para nós que não é o biológico que conta e sim o gênero.
Durante décadas os movimentos de mulheres vêm se organizando e se articulando, buscando a igualdade e quando se consegue legalmente, percebe-se que não bastava só a lei, precisava-se sim era de uma transformação.
Feita essa descoberta, passou-se a investir em projetos sociais voltados para a melhoria da condição feminina, e aí está a deficiência.
“Condição é o estado material no qual se encontram as mulheres: sua pobreza, salário baixo, desnutrição, falta de acesso à saúde pública e a tecnologia moderna, educação e capacitação, sua excessiva carga de trabalho, etc” (Ana Alice Costa)
Na verdade, mudar a condição feminina é importante, mas, melhor ainda é mudar a posição feminina dentro da sociedade.
“Posição é o status econômico, social e político das mulheres comparado aos homens, isto é, a forma como as mulheres tem acesso aos recursos e ao poder comparado aos homens”. (Ana Alice Costa)
Na década de 70 surge o conceito de empoderamento. Este aparece com os movimentos civis nos Estados Unidos, através do poder negro, que tinha como objetivo a auto valoração da raça e a conquista de uma cidadania plena.
“Empoderamento é o mecanismo pelo qual as pessoas, as organizações, as comunidades tomam controle de seus próprios assuntos, de sua própria vida, de seu destino, tomando consciência da sua habilidade e competência para produzir e criar e gerir”. (Ana Alice Costa)
Ainda na mesma década o movimento de mulheres adotam o conceito de empoderamento, que seria: “uma alteração radical dos processos e estruturas que reduzem a posição de subordinada das mulheres como gênero. As mulheres tornam-se empoderadas através da tomada de decisões coletivas e de mudanças individuais”. (Ana Alice Costa).
Trazer a tona essa questão, é desafiar as relações de poderio masculino e dos seus privilégios de gênero, é mudar a posição feminina dentro da sociedade, é transformar conceitos, é impedir que a mulher seja dominada, é permitir que a mulher sinta e exerça sua cidadania plena.
Não que as mulheres queiram ser mais que os homens, nada disso, mas sim ser igual legal e socialmente.
Aí lendo e escrevendo sobre o empoderamento, entendi que este está nas nossas ações cotidianas. Quando decidi me separar, exerci o meu poder; continuar a viver com um homem que me via apenas como objeto, não permitindo a minha felicidade era um absurdo.
Até hoje escuto comentários como: “criar um filho sozinha não é fácil, você devia voltar pra ele”. Então respondo: “meu filho vai crescer um dia e vai viver a vida dele, aprendi com meus pais que criamos filhos para o mundo, e eu? Será que não tenho o direito de ser feliz?
Hoje não tenho vergonha de dizer que decidi pensar em mim, hoje entendo que não foi egoísmo, foi empoderamento.
Luciana Cavalcante, Coordenadora Geral da CUFA-SE
Aí pensei... e se no lugar de Geni fosse Valdemir? e se no lugar de Chico Buarque fosse Ana Carolina? Como ficaria a história?
Falar sobre o preconceito e a discriminação contra nós mulheres não é difícil, difícil mesmo é entender por que o homem pode e a mulher não. E aí tem toda uma história, que vem desde a formação da família, de certo muitas pessoas não sabem, mas um dia já houve uma sociedade onde o matriarcado detinha o poder.
Mas o que é poder? Para Julieta Kirkwood:“...o poder não é, o poder exerce. E se exerce em atos, em linguagem. Não é uma essência. Ninguém pode tomar o poder e guardá-lo em uma caixa forte. Conservar o poder não é mantê-lo escondido, nem preservá-lo de elementos estranhos, é exercê-lo continuamente, é transformá-lo em atos repetidos ou simultâneos de fazer, e de fazer com que os outros façam ou pensem. Tomar-se o poder é tomar-se a idéia e o ato”.
O poder está em todas as esferas da sociedade, dentro da família, na igreja, no ambiente de trabalho, no Palácio do Planalto. As relações de poder se dão por que de um lado está o dominador e do outro o dominado, trazendo para nossa realidade: de um lado está o homem, do outro a mulher. E aí fica claro para nós que não é o biológico que conta e sim o gênero.
Durante décadas os movimentos de mulheres vêm se organizando e se articulando, buscando a igualdade e quando se consegue legalmente, percebe-se que não bastava só a lei, precisava-se sim era de uma transformação.
Feita essa descoberta, passou-se a investir em projetos sociais voltados para a melhoria da condição feminina, e aí está a deficiência.
“Condição é o estado material no qual se encontram as mulheres: sua pobreza, salário baixo, desnutrição, falta de acesso à saúde pública e a tecnologia moderna, educação e capacitação, sua excessiva carga de trabalho, etc” (Ana Alice Costa)
Na verdade, mudar a condição feminina é importante, mas, melhor ainda é mudar a posição feminina dentro da sociedade.
“Posição é o status econômico, social e político das mulheres comparado aos homens, isto é, a forma como as mulheres tem acesso aos recursos e ao poder comparado aos homens”. (Ana Alice Costa)
Na década de 70 surge o conceito de empoderamento. Este aparece com os movimentos civis nos Estados Unidos, através do poder negro, que tinha como objetivo a auto valoração da raça e a conquista de uma cidadania plena.
“Empoderamento é o mecanismo pelo qual as pessoas, as organizações, as comunidades tomam controle de seus próprios assuntos, de sua própria vida, de seu destino, tomando consciência da sua habilidade e competência para produzir e criar e gerir”. (Ana Alice Costa)
Ainda na mesma década o movimento de mulheres adotam o conceito de empoderamento, que seria: “uma alteração radical dos processos e estruturas que reduzem a posição de subordinada das mulheres como gênero. As mulheres tornam-se empoderadas através da tomada de decisões coletivas e de mudanças individuais”. (Ana Alice Costa).
Trazer a tona essa questão, é desafiar as relações de poderio masculino e dos seus privilégios de gênero, é mudar a posição feminina dentro da sociedade, é transformar conceitos, é impedir que a mulher seja dominada, é permitir que a mulher sinta e exerça sua cidadania plena.
Não que as mulheres queiram ser mais que os homens, nada disso, mas sim ser igual legal e socialmente.
Aí lendo e escrevendo sobre o empoderamento, entendi que este está nas nossas ações cotidianas. Quando decidi me separar, exerci o meu poder; continuar a viver com um homem que me via apenas como objeto, não permitindo a minha felicidade era um absurdo.
Até hoje escuto comentários como: “criar um filho sozinha não é fácil, você devia voltar pra ele”. Então respondo: “meu filho vai crescer um dia e vai viver a vida dele, aprendi com meus pais que criamos filhos para o mundo, e eu? Será que não tenho o direito de ser feliz?
Hoje não tenho vergonha de dizer que decidi pensar em mim, hoje entendo que não foi egoísmo, foi empoderamento.
Luciana Cavalcante, Coordenadora Geral da CUFA-SE
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